Archive for março 2013

Desmoronando como folhas

Me desmanchei em lágrimas,me senti tão humilhada e ao mesmo tempo
ridícula por estar assim.
Não posso deixar as coisas me atingirem assim tão fácil.
É tudo tão ridículo que nem sei o porquê de me preocupar tanto.
É preocupante o fato de estarmos nos matando sem sangrar.
Nos matando aos poucos com palavras em silêncio, olhares inquietos.
Por que tudo tem que ser assim tão difícil?
Colocar defeito em tudo o que vê pela frente e de repente estar agindo
da mesma forma.
Falar mal e ao mesmo tempo elogiar.
Como isso pode ser possível?
Faz tudo perder o sentido, machuca pessoas.
Se diminui, se destrói.
Chora, grita em silêncio.
Sozinha, sempre sozinha.

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(Des)Confio.


 A confiança nunca foi meu forte e já percebi isso há muito tempo. Há alguns anos condenei pessoas e deixei de confiar nelas. Ando olhando para o chão, para os lados e para trás quando ouço algum barulho estranho. Nem os fones de ouvido no volume máximo podem me fazer esquecer o que acontece ao meu redor.  Lembro-me de um dia chuvoso em que eu estava fazendo compras com minha mãe e um senhor munido de guarda-chuva aproximou-se e nos ofereceu “carona” de guarda-chuva até o táxi mais próximo. Minha mãe aceitou. Sim, simplesmente assim, como se o senhor fosse um conhecido de anos. Eu fiquei muito intrigada com tudo aquilo, afinal ela havia me ensinado a nunca falar com estranhos. Saí correndo furiosa e desconfiada, recusando-me a andar embaixo do guarda-chuva de um desconhecido. Ele poderia ser um assaltante ou até mesmo um aproveitador e eu não iria cair nessa. Minha mãe reprovou minha atitude e isso me rendeu alguns tapas. O senhor apenas riu e comentou o ocorrido: “– Nossa, que desconfiança! Calma aí, mocinha”. Eu não poderia ir embora sem me defender: “– Não te conheço e não sou obrigada a falar contigo!”. Minha mãe a essa altura estava querendo me esganar com os olhos. O táxi partiu e minha mãe colocou a mão sobre o meu ombro e perguntou por que eu agi daquela forma. Apenas respondi que fiquei com medo. Sim, medo. Ora, o desconhecido sempre dá um pouco de medo. Nunca se sabe o que pode acontecer... Na época eu tinha seis anos e não sabia direito o significado das coisas. Só sabia do que eu não gostava e não queria mudar de opinião. Minha mãe riu e seguimos pra casa em silêncio.
Acredito que foi nesse dia que descobri o significado da palavra confiança.  Eu apenas havia sentido medo daquele pobre senhor que só estava querendo ajudar (ou não). Eu não sabia que o nome disso era desconfiança. Depois que aprendi, nunca mais esqueci. O “pé atrás” está sempre me puxando e me dizendo pra tomar cuidado. Talvez seja meu pior defeito senão o maior e o mais perturbador. 
Contudo, quando uma pessoa me passa segurança é diferente. Há um ano e quase cinco meses sinto que a minha confiança tende a ficar mais forte a cada dia que passa. O abraço apertado, o olhar cativante e as mãos acolhedoras provam que é possível sim, confiar.  É diferente porque eu sei que vale a pena, cada minuto.  Eu aprendi a confiar naqueles que são bons pra mim e que demonstram um sentimento mútuo.
Conheço casos de pessoas, principalmente casais, que possuem uma relação de confiança muito forte, porém não deveria ser assim. Sei que sou ninguém pra falar sobre isso - ainda mais sobre a vida dos outros -, mas é triste quando vejo que de um lado a confiança é extrema, porém o outro usa isso a seu favor e comete os piores erros, os quais podem destruir a confiança que têm um pelo outro. Fico muito triste e ao mesmo tempo irritada com essas pessoas cegas que confiam demais. Eu não as culpo. Apenas se apegam fácil demais e, infelizmente, o sofrimento é proporcional. É tudo bem confuso e cada um sabe de si. Cada um tem seus critérios, seus motivos, seus medos.
Seguidamente lembro-me da história do senhor do guarda-chuva e rio de mim mesma. Hoje eu teria uma atitude bem diferente. Talvez tivesse aceitado a carona - com certa desconfiança, mas aceitado. Quando somos crianças tudo é mais exagerado: o choro, o grito, a risada. Com o tempo acabamos perdendo a espontaneidade e ganhando a maturidade para entender algumas coisas. Acredito que se minha mãe nunca tivesse dito aquela frase típica: “Nunca dê conversa para estranhos” eu não seria tão desconfiada assim. É apenas uma suposição, claro. Realmente não devemos conversar com estranhos quando somos pequenos e vulneráveis. Não a culpo por eu ser assim hoje, mas de certa forma me ajudou.
Em algum lugar dentro de nós há muitas respostas. Enquanto isso somos prisioneiros dos nossos medos, de nossas manias fúteis e nos tornamos pessoas confusas, inventando respostas pra tudo. E as características gravadas em cada um, nos definem tal como somos, tal como viemos e tal como iremos. Só nos resta aceitar e tentar entender. Criando ilusões e esquecendo-se de viver – a principal missão de cada um de nós.

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